top of page
  • Foto do escritorSandra Brandão

De prestador de serviços à sócio




A procura por um escritório de advocacia partiu da empresa de consultoria que prestava serviços para uma Startup. A ideia era que os serviços prestados pudessem se converter numa opção de compra de quotas da Startup em um determinado momento futuro, já que o potencial parecia interessante.


O caminho jurídico para escrever este contrato não é desconhecido. Algumas opções de tipos de contrato atenderiam ao caso, desde um Memorando de Entendimentos até uma Sociedade em Conta de Participação.


Entretanto, dentro da visão do Direito com Alma, havia muita curiosidade. Então, apesar da contratação ter sido feita pela empresa de consultoria, foi feito um convite para que a primeira reunião envolvesse a dona da Startup, a qual aproveitou para trazer seu pai, diante de sua expertise de negócios e de vida. Essa composição propiciou um ambiente de confiança que, na nossa visão, abriu espaço para a criatividade.


Durante a reunião, no lugar de começarmos por perguntas de negócio, como valores, prazos, obrigações, penalidades, queríamos saber da história de cada um antes do encontro, assim como a história do encontro em si, como empresas e CPFs. Era importante conhecer também os sonhos, medos, expectativas, crenças, valores pessoais etc. E, assim, seguimos até que …


... a redação do contrato foi suspensa por aproximadamente um mês, pois acabaram surgindo pontos que estavam escondidos e que vieram à tona. Veja, não estamos falando de intenção de esconder, mas de algo que não estava consciente ou no radar das partes.


Adivinhem o que aconteceria, quando tais pontos surgissem lá na frente, com o contrato assinado e os negócios em pleno vapor! Desalinhamento no propósito do negócio, frustração como um muro a atrapalhar uma boa comunicação e assim mais uma história de conflito doído. Outra possibilidade comum seria a dificuldade de assinatura do contrato, por não representar verdadeiramente uma das partes ou pior, sua assinatura, por ansiedade em seguir.


Não sabemos. São suposições, mas não sem vir de uma bagagem de mais de 30 anos de experiência, observando certos padrões.


Contrataram para redigir um contrato e terminamos por atrasar um mês sua assinatura e ainda “atrapalhamos” a negociação que estava feita? Parece que sim. Risos. Ou não!


Na nossa visão, estávamos construindo o contrato da relação real e não uma ficção jurídica criada pelo advogado, a partir da narrativa de uma única perspectiva - o cliente. Acreditamos que assim podemos minimizar a dificuldade das partes de lidarem com conflitos no futuro, durante a vigência do instrumento. É como um treino, antes da maratona.

Neste caso, o ambiente de confiança e transparência também permitiu que o negócio em si não fosse interrompido durante o realinhamento, ainda que o contrato não estivesse assinado. Isso porque durante o caminho fomos partilhando informações e, de forma frequente e próxima, visitando as consequências de cada passo. Quem disse que contrato só existe na hora em que está escrito? Importa mais a formalização ou a transparência das perspectivas e compromissos?


Algumas reuniões, conversas e minutas depois, tudo pronto. Um contrato, envolvendo complexidades negociais e sonhos em meras 3 páginas e escrito de forma que as próprias partes puderam entender.


Mas será que é seguro? 3 páginas? E se …?


A verdade é que quando o advogado escreve com as vestes de defensor de um dos lados, com uma narrativa de perspectiva única, se vê obrigado a construir paredes e proteções. Quando a construção é conjunta, os medos expostos abertamente possibilitam uma redação criativa, sem perder de vista as leis e enquadramentos jurídicos necessários.
17 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo
bottom of page