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Elefantes à mesa

  • Foto do escritor: Sandra Brandão
    Sandra Brandão
  • 20 de mar. de 2024
  • 2 min de leitura

Empresários que se unem para formar um novo negócio. Como advogada, já tive experiência com vários começos de histórias como essa. Em reunião, um deles relata certo caminho e meu corpo diz: “hummm, já sei onde isso vai dar!”.


A conversa segue, faço certas perguntas técnicas para entender como redigir o acordo de sócios, e na segunda resposta observo minha mente dizer: “Isso é ingenuidade. Ele não está olhando mais adiante, como deveria!”


Dá certa vergonha de contar, mas a verdade é que também me vi descrente do potencial societário de um dos integrantes, por certo ar que julguei prepotente. Sem falar no meu desânimo em ouvir a fala de outro, que conheço há anos, porque meu ego dizia: “Nunca vi ele fazer o que diz, o famoso don´t walk the talk”.


Eu poderia seguir a reunião assim e, a partir desta lente, que alguns chamam de experiência, redigir um acordo com as camadas de proteção necessárias a todos os cenários criados por essa mente posicionada no “eu já sei”.


No entanto, a grande graça do www.direitocomalma.com é posicionar a mente no “não saber”.


O conhecimento técnico-jurídico pode ser a cereja do bolo ao final, mas, antes, os melhores temperos são a humildade, curiosidade, abertura, flexibilidade, disponibilidade e compaixão.



Para fazer isso, foi necessário (e continua sendo) muito mergulho no meu autoconhecimento. Caso contrário, como poderia observar o que meu corpo e mente diziam e decidir conscientemente o que fazer a respeito disso?


Minha escolha foi a de não seguir a partir de pré-conceitos e redação de um acordo com base no medo e proteção. Abri conscientemente minha escuta, tive curiosidade a respeito das camadas que poderiam estar debaixo de certas posturas, expus com compaixão e transparência os elefantes que me pareciam estar debaixo da mesa e convidei à responsabilidade de construção conjunta do contrato.


Afinal, acredito que o contrato não é somente o papel escrito, mas principalmente sua construção. Não me apetece mais fazer roteiro de novela. Tenho apostado no poder da conexão e intimidade para criar documentos que possam apoiar os negócios e as relações humanas a se autorregular, com criatividade e aspiração de paz.

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